quinta-feira, 24 de abril de 2014

DISGRAFIA

A aprendizagem da escrita correta e o domínio dos conceitos gramaticais, sempre foram vistos como objetivo principal da Língua Portuguesa , deixando em segundo plano com ensinar a grafia correta das letras.





Hoje  são poucas as universidades que dão a devida importância ao ensinamento sobre a natureza da escrita; para que serve e como deve ser usada pelos futuros alfabetizadores.

Nosso sistema linguístico não possui uma única forma de representação gráfica ,existindo vários tipos de traçados diferentes para os mesmos sons e essa multivariedade de traçados ou de formas de representação gráfica ,não é ensinada com ensiná-las corretamente.


O que se observa hoje é que a coordenação motora grossa e fina foram deixadas em segundo plano por muitos professores, trabalhando-se o mínimo com estes itens que são a base para o início da escrita, ocasionando com isto uma lacuna no processo da escrita e da leitura.

O ler é condicionado pelo escrever e para ler significativamente é preciso que a escrita conduza o leitor a enquadrar todos os símbolos (letra,palavra,acento,pontuação etc...)no universo cultural,social,histórico,(Cagliari ).



Teberosky e Tolhinisky citam a escrita como uma das maiores invenções manuintelectuais criadas pelo homem,pois ele escreve para registrar, comunicar, para produzir e reproduzir (copiar), elaborar textos.

A escrita é mais cuidadosa do que a fala  e, portanto mais permanente e tornam-se mais evidentes  os problemas que se constituem distúrbio de grafia:  disortografia ou disgrafia.

Disgráficas são  crianças que apresentam dificuldades no ato motor da escrita, tornando a grafia praticamente indecifrável.


É  normal uma criança em processo de construção da escrita,apresentar dificuldades no traçado das letras,até dominá-lo corretamente.Nesta fase tão importante é que vemos que muitos professores fazem vistas grossas para a realização do traçado correto da escrita  ,ocasionando o que chamamos de disgrafia se a permanência da mesma continuar incorreta.

Várias são as causas , vamos discorrer as mais comuns em sala de aula: a motricidade e o erro pedagógico.


MOTRICIDADE AMPLA E FINA

Para  que a criança adquira os mecanismos  da escrita,além da necessidade de saber orientar-se no espaço (motricidade ampla),deve ter consciência de seus membros,da mobilização dos mesmos ,e saber fazer agir ,independentemente,o braço em relação ao ombro ,a mão em relação ao braço e ter a capacidade de individualizar os dedos (motricidade fina ) para pegar o lápis ou a caneta e riscar ,traçar ,escrever ,desenhar o que quiser.


Existem inúmeros exercícios para minimizar ou sanar essas dificuldades.O professor precisa iniciar com exercícios que visem trabalhar com os grandes músculos e , posteriormente ,trabalhar com os pequenos músculos ,desde a educação infantil e continuar na educação fundamental até quando se fizer necessário.

Importante é ressaltar a presença constante da coordenação visomotora unida a esses exercícios como também os exercícios de organização têmporo-espacial como os de lateralidade .



ERRO PEDAGÓGICO

Geralmente, as dificuldades que os alunos apresentam na escrita se devem a falhas no processo de ensino, nas estratégias inadequadas escolhidas pelos docentes ou por desconhecimento do problema ou por despreparo. Os cuidados que o professor das séries iniciais (1o ciclo) deve ter quando seus alunos começam a aprender a escrever não devem resumir-se à ortografia mas, também, à legibilidade. Esses cuidados prolongam-se por todo o período de escolarização ou pelo professor de classe ou pelos professores de Língua Portuguesa.
Preparar um aluno para escrever com correção e legibilidade é trabalhar com ele, desde o início, atentando para a grafia correta das palavras, a forma das letras, a uniformidade no traçado, o espaçamento, o ligamento e a inclinação da escrita em relação ao espaço onde se está escrevendo. A legibilidade é uma qualidade complexa que se constitui na soma desses vários aspectos,dentre outros considerados importantes.


Forma das letras



Cada letra tem uma forma característica. A clareza de traçado então reside em escrever cada letra na sua forma exata. A letra cursiva deformada pode ser a causa mais poderosa de ilegibilidade.


Por exemplo:


a) se o aluno não fecha o círculo do a,pode-se lê-lo como u ou ce;

b) quando não fecha o círculo do d, pode-se lê-lo como cl ou e l;

c) alguns alunos escrevem e por i;

d) outros escrevem n como u;

e) alguns alunos podem adquirir o hábito de escrever rr como u ou como n, etc.


Estes exemplos são suficientes para demonstrar a importância do formato da letra para a legibilidade da escrita. Muitas vezes, as formas inadequadas das letras são consequência da falta de orientação docente, do mau uso ou do abuso das cópias e dos

ditados ou da rapidez descabida da escrita para fazer apontamentos  em aula, dentre outras.


Uniformidade




A letra cursiva, em nosso alfabeto,apresenta quatro características no traçado em relação à linha:

• só há uma letra cujo traçado sobe e desce – f;

• há seis letras com haste ascendente– b, d, h, k, l, t;

• há seis letras com haste descendente– g, j, p, q, y, z;

• há treze letras que chamamos de  pequenas a,c,e,i,m,n,o,r,s,u,v,w,x.


Aprender a manter a uniformidade no traçado significa formar hábitos de escrita que obedeçam às quatro características apontadas.


Espaçamento


O espaçamento é importante fator que concorre para a legibilidade. É preciso verificar: se há espaço entre uma letra e outra,na palavra; se há espaço entre uma palavra e outra; se há espaço entre uma frase e outra; se há espaço entre parágrafos. Quando os espaços entre as letras não são uniformes, há prejuízo na leitura, o  mesmo acontece entre as palavras.


Especialmente na lousa, o professor deve cuidar para que fique um espaço adequado entre as palavras,principalmente nas séries do 1o ciclo. Isto evita que as crianças que estão mais afastadas do quadro vejam as palavras ,  uma como continuação da outra, copiando-as como se fossem uma só.
É preciso cuidar, também, do espaço entre frases, tendo em vista as letras com hastes.


Ligamentos



Na letra cursiva, os ligamentos também são  fatores importantíssimos  para a legibilidade: letras que formam uma palavra devem ser ligadas entre si. A omissão de ligamentos provoca no leitor uma tendência à leitura de uma palavra por partes, simulando diferentes palavras.Em se tratando de crianças que lêem o que escrevemos na lousa ou em folhas xerografadas, a nossa omissão de ligamentos pode concorrer para a ilegibilidade .O aluno, geralmente, escreve como o professor ensina.

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