Hoje
são poucas as universidades que dão a devida importância ao ensinamento
sobre a natureza da escrita; para que serve e como deve ser usada pelos futuros
alfabetizadores.
Nosso sistema linguístico não possui
uma única forma de representação gráfica ,existindo vários tipos de traçados
diferentes para os mesmos sons e essa multivariedade de traçados ou de formas
de representação gráfica ,não é ensinada com ensiná-las corretamente.
O que se observa hoje é que a
coordenação motora grossa e fina foram deixadas em segundo plano por muitos
professores, trabalhando-se o mínimo com estes itens que são a base para o
início da escrita, ocasionando com isto uma lacuna no processo da escrita e da
leitura.
O ler é condicionado pelo escrever e
para ler significativamente é preciso que a escrita conduza o leitor a
enquadrar todos os símbolos (letra,palavra,acento,pontuação etc...)no universo cultural,social,histórico,(Cagliari
).
Teberosky e Tolhinisky citam a escrita
como uma das maiores invenções manuintelectuais criadas pelo homem,pois ele
escreve para registrar, comunicar, para produzir e reproduzir (copiar), elaborar
textos.
A escrita é mais cuidadosa do que a
fala e, portanto mais permanente e tornam-se
mais evidentes os problemas que se
constituem distúrbio de grafia: disortografia ou disgrafia.
Disgráficas são crianças que apresentam dificuldades no ato
motor da escrita, tornando a grafia praticamente indecifrável.
É
normal uma criança em processo de construção da escrita,apresentar
dificuldades no traçado das letras,até dominá-lo corretamente.Nesta fase tão
importante é que vemos que muitos professores fazem vistas grossas para a
realização do traçado correto da escrita
,ocasionando o que chamamos de disgrafia se a permanência da mesma
continuar incorreta.
Várias são as causas , vamos
discorrer as mais comuns em sala de aula: a motricidade e o erro pedagógico.
MOTRICIDADE AMPLA E FINA
Para
que a criança adquira os mecanismos da escrita,além da necessidade de saber
orientar-se no espaço (motricidade ampla),deve ter consciência de seus
membros,da mobilização dos mesmos ,e saber fazer agir ,independentemente,o
braço em relação ao ombro ,a mão em relação ao braço e ter a capacidade de
individualizar os dedos (motricidade fina ) para pegar o lápis ou a caneta e
riscar ,traçar ,escrever ,desenhar o que quiser.
Existem inúmeros exercícios para
minimizar ou sanar essas dificuldades.O professor precisa iniciar com
exercícios que visem trabalhar com os grandes músculos e , posteriormente ,trabalhar
com os pequenos músculos ,desde a educação infantil e continuar na educação
fundamental até quando se fizer necessário.
Importante é ressaltar a presença
constante da coordenação visomotora unida a esses exercícios como também os
exercícios de organização têmporo-espacial como os de lateralidade .
ERRO
PEDAGÓGICO
Geralmente, as dificuldades que os alunos apresentam na escrita se devem a falhas no processo de ensino, nas estratégias inadequadas escolhidas pelos docentes ou por desconhecimento do problema ou por despreparo. Os cuidados que o professor das séries iniciais (1o ciclo) deve ter quando seus alunos começam a aprender a escrever não devem resumir-se à ortografia mas, também, à legibilidade. Esses cuidados prolongam-se por todo o período de escolarização ou pelo professor de classe ou pelos professores de Língua Portuguesa.
Preparar um aluno para escrever com correção e legibilidade é trabalhar com ele, desde o início, atentando para a grafia correta das palavras, a forma das letras, a uniformidade no traçado, o espaçamento, o ligamento e a inclinação da escrita em relação ao espaço onde se está escrevendo. A legibilidade é uma qualidade complexa que se constitui na soma desses vários aspectos,dentre outros considerados importantes.
Forma das letras
Cada letra tem uma forma característica. A clareza de traçado então reside em escrever cada letra na sua forma exata. A letra cursiva deformada pode ser a causa mais poderosa de ilegibilidade.
Por exemplo:
a) se o aluno não fecha o círculo do a,pode-se lê-lo como u ou ce;
b) quando não fecha o círculo do d, pode-se lê-lo como cl ou e l;
c) alguns alunos escrevem e por i;
d) outros escrevem n como u;
e) alguns alunos podem adquirir o hábito de escrever rr
como u ou como n,
etc.
Estes
exemplos são suficientes para demonstrar a importância do formato da letra para
a legibilidade da escrita. Muitas vezes, as formas inadequadas das letras são consequência
da falta de orientação docente, do mau uso ou do abuso das cópias e dos
ditados
ou da rapidez descabida da escrita para fazer apontamentos em aula, dentre outras.
Uniformidade
A
letra cursiva, em nosso alfabeto,apresenta quatro características no traçado em
relação à linha:
•
só há uma letra cujo traçado sobe e desce – f;
•
há seis letras com haste ascendente– b, d, h, k, l, t;
•
há seis letras com haste descendente– g, j, p, q, y, z;
•
há treze letras que chamamos de pequenas
a,c,e,i,m,n,o,r,s,u,v,w,x.
Aprender
a manter a uniformidade no traçado significa formar hábitos de escrita que
obedeçam às quatro características apontadas.
Espaçamento
O
espaçamento é importante fator que concorre para a legibilidade. É preciso verificar: se há espaço entre uma letra e outra,na palavra;
se há espaço entre uma palavra e outra; se
há espaço entre uma frase e outra; se há espaço entre parágrafos. Quando
os espaços entre as letras não são uniformes, há prejuízo na leitura, o mesmo acontece entre
as palavras.
Especialmente
na lousa, o professor deve cuidar para que fique um espaço adequado entre as
palavras,principalmente nas séries do 1o ciclo. Isto evita que as crianças que
estão mais afastadas do quadro vejam as palavras , uma como continuação da outra, copiando-as
como se fossem uma só.
É preciso cuidar, também, do espaço entre frases, tendo
em vista as letras com hastes.
Ligamentos
Na letra
cursiva, os ligamentos também são
fatores importantíssimos para a
legibilidade: letras que formam uma palavra devem ser ligadas entre si. A omissão
de ligamentos provoca no leitor uma tendência à leitura de uma palavra por partes,
simulando diferentes palavras.Em se tratando de crianças que lêem o que
escrevemos na lousa ou em folhas xerografadas, a nossa omissão de ligamentos
pode concorrer para a ilegibilidade .O aluno, geralmente, escreve como o
professor ensina.
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