terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Lembranças de um Natal feliz

O Natal se aproximava  e  o primeiro sinal dessa aproximação era ver meus pais a procura de um pinheirinho para comprar. Com a chegada da nossa árvore a expectativa de meus irmãos e a minha só aumentava.  A alegria tomava conta da nossa casa! Agora tínhamos que enfeitá-la.

Mamãe retirava de cima do guarda roupa nossos enfeites para a árvore.  Cada bolinha brilhante que surgia das caixas me enchia de recordações, pois cada ano ganhávamos uma de algum parente, de um amigo ou mesmos os enfeitinhos  feitos por mim trazia junto de si uma doce lembrança.

A parte mais perigosa era a colocação das bolas, pois eram muito frágeis. A responsabilidade era da minha mãe, já as partes que nos cabiam eram cortar em pequeninos pedaços o algodão para representar a neve...
Depois vinham as velinhas, as quais eram fixadas por prendedores, que somente seriam acesas no dia do Natal. A partir daí nossa expectativa só aumentava, pois não sabíamos o que ganharíamos, ou seja a coisa mais importante do Natal , o nosso brinquedo, já que ganhar uma roupinha e sapato já fazia parte do contexto. Nossa cidade possuía poucas, bem na realidade, somente dois bazares que vendiam brinquedos. Mas como elas ficavam abertas até às 20 horas, passava a ser o nosso passeio predileto.
Ao menos duas vezes por semana saíamos para ver as vitrines e seus brinquedos maravilhosos.
Nossos pais não diziam nada, apenas observavam nossas conversas sobre o que víamos. Após apreciar as novidades, felizes caminhávamos de volta para casa. Este ritual durava até a véspera do Natal.

Ah!, não posso deixar de falar dos cartões de Natal durante os dias que antecediam a data.
Após as aulas, descíamos em grupos para vermos os cartões, um mais bonito que o outro. Então,  o passo seguinte era convencer minha mãe a me dar algum dinheiro para poder comprá-los e dar às pessoas que eu mais gostava, e sem interesse nenhum não podia esquecer de minha avó e minha madrinha, achando assim que receberia em troca algum brinquedo.

Com a chegada da Cesta de Natal confeccionada de palha e toda enfeitada, que  meu pai comprava sempre por volta de julho e ia pagando por mês a mês, sentíamos que o Natal estava próximo. Abri-la era uma ação feita em conjunto, todos queriam saber o que ela continha este ano. Veio uvas passas? Castanha portuguesa? Nozes? Avelã? Vinhos? E o Capitão Amaral? (um boneco que vinha dentro da cesta e a cada ano ganhava uma característica nova).  Daí nossa expectativa, após a abertura era tudo guardado para comermos no dia certo.
Agora se aproximava  a semana dos preparativo da ceia. Meu avô Chico era o responsável em sacrificar o pobre do coelho que não tinha nada com a festa ,mas passava a fazer parte dela. Em seguida vinha a vez  da dona galinha, lá íamos ao mercado municipal para minha mãe escolher um frango saudável (coitado tinha que sofrer o vexame de ver suas penas levantadas para ver se sua pele era rosa,  o que significava saúde) e depois ainda teria que ter suas pernas amarradas.

Finalmente chegou o dia mais esperado por todos. Véspera do Natal. À noite acendíamos as velinhas da árvore, acho que era para o Papai Noel saber onde deixar o presente. Vestíamos nossas roupas novas e íamos todos para a igreja para assistirmos a missa do Galo (não sei o porque desse nome, já que a missa era para comemorarmos o dia do nascimento de Jesus Cristo).

A missa era linda, era a mais bonita de todas que eu participava, fora o presépio que colocado na frente da Igreja Matriz, ficávamos orando ao colocarem o menino Jesus entre Maria e José.
Voltávamos para casa, tomávamos uma canja  e íamos dormir ansiosos pelo dia seguinte.
Ao acordarmos, corríamos até a árvore para ver nossos presentes. Não é que o Papai Noel acertava?
Íamos para a rua para encontrarmos nossos amiguinhos e brincarmos todos juntos com os novos brinquedos.

Chegada a hora do almoço com toda a família reunida. Agradecíamos a Deus por esta data e adeus coelhinho e senhor frango. Todos devorados com o maior respeito da minha parte. Naquele tempo não havia refrigerantes e a expectativa das crianças era saborear a Sangria preparada pelos adultos: o vinho era diluído na água e adoçado. Uma delícia brindarmos juntos o Nascimento de Jesus.
Ao escrever este texto, quero resgatar dentro de mim, ,não só a importância desta data cujo o surgimento dela se tornou para muitos apenas troca de presentes e não a comemoração do Amor entre os Homens, como para relembrar que dentro da simplicidade da minha família.

Eu sempre fui muito  feliz!



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