segunda-feira, 16 de junho de 2014

Em que medida, a que custo e para quem é o dever de casa eficaz?


A proposta do dever de casa deve ser vista com múltiplas finalidades: estender o tempo de aprendizagem, conectar o trabalho de classe precedente e subsequente, estimular hábitos de estudo independentes, aplicar os conhecimentos acadêmicos à vida cotidiana, enriquecer o currículo ampliando as experiências de aprendizagem, e conectar escola e família. Consistindo basicamente de exercícios de revisão, fixação e reforço, representa um recurso importante que pode beneficiar todos os estudantes, especial àqueles que necessitam desenvolver certas habilidades, articulando o trabalho escolar (a aprendizagem acadêmica) em classe e em casa interagindo mais ainda a aprendizagem.





O dever de casa é visto como contexto de investimentos educativos dos pais em favor da escolaridade dos filhos, bem como de trocas afetivas entre pais e filhos. Por conseguinte, constitui uma política, tanto da escola e do sistema de ensino, objetivando ampliar e intensificar a aprendizagem em quantidade e qualidade, além do tempo/espaço escolar, quanto da família, visando estimular o progresso educacional e socioeconômico dos descendentes.

A importância do dever de casa, cultivada desde a pré-escola no âmbito da educação privada, faz com que tanto as crianças quanto aos adultos assimilem este momento importante na sua aprendizagem. “A receita para uma boa escola é simples é dá resultados, seus principais ingredientes são a participação dos pais, o interesse da família pela vida escolar do aluno, o estímulo à leitura e o hábito de fazer e corrigir o dever de casa”. “O hábito de fazer dever de casa é uma das variáveis que mais têm impacto positivo”, evidenciando a importância da sua cobrança pelos professores, e revista pelos pais para uma melhor aprendizagem.



Ao transformar o dever de casa em nota ou pontos somados à nota final, ou servir como treino para os testes, transformou a importância da lição de casa como facilitador do professor em deveres para a escola e não com o aluno, ela perde todo o seu significado.
O dever de casa pode ser uma prática desejável se assim o professor o conduzir ou um fardo, dependendo de condições materiais e simbólicas variáveis, pesquisas constatam que o dever de casa tem recaído sobre os familiares. Criando tensões ao impor a concepção de que o lar deve ser um local para o desenvolvimento do currículo escolar, privilegiando um modelo único de família em que todos os pais estão aptos a complementar o conteúdo do professor aplicando tarefas mais complexas do que oferecidas por eles em sala de aula traduzindo em vantagem ou desvantagem escolar. Consequentemente, reforça a desigualdade de aprendizagem, fazendo a avaliação de o estudante corresponder à avaliação do desempenho dos responsáveis, e não dos alunos.

Se a escola tem uma política de dever de casa, ou seja, este é assunto das reuniões de planejamento e a supervisora orienta explicitamente que seja passado em pequena quantidade e só como revisão/reforço da aula, para garantir que o aluno possa fazer sozinho, considerando a falta de ajuda em casa o resultado com certeza será positivo e bem vindo pelos pais. A eficácia do dever de casa depende não apenas da contribuição da família, mas, sobretudo do planejamento pedagógico empreendido pela professora.
Diante de sua importância no cotidiano das relações família-escola, o dever de casa tem sido pouco pesquisado. Embora seja uma prática cultural que há muito integra a divisão de trabalho educacional entre essas instituições, não tem sido devidamente problematizado em suas concepções, práticas e implicações, sejam para a vida familiar, ou para o trabalho docente.

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