quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Era do Café – O que a história conta sobre São João Marcos





Por qualquer parte que caminhamos pelo Brasil podemos ver a nossa História, basta olharmos com atenção ao nosso redor.


Utilizando a estrada que liga Rio Claro à Mangaratiba
o que chama a atenção é a indicação de um parque
Bica d'água no estilo gótico.
arqueológico. Em seguida, depara-se com uma construção de pedra em estilo gótico contendo uma bica d’agua.  Já no ponto mais alto da Serra do Piloto, uma placa: Mirante do Imperador, com vista para a baia de Mangaratiba.






A partir daí muros laterais de pedras até a confluência com a BR101, local onde existem muitos prédios em ruínas e o mais triste: pichados.



Desde o início de nosso País vimos uma tentativa de crescimento, mas tanto o pau-brasil, a cana de açúcar, o ouro, tudo era direcionado à Portugal.




Por qualquer parte que caminhamos pelo Brasil podemos ver a nossa História, basta olharmos com atenção ao nosso redor.  Parque arqueológico, ruínas, enfim minha curiosidade é aguçada no passeio e, como sempre munida de um tablet, começo a viajar no tempo através de vários sites, surgindo disto uma indagação:

Por que o nosso passado histórico não tem aqui no Brasil o seu devido respeito?


Com a vinda da  família Real para cá, tudo começou a se transformar, começamos a produzir para o nós o seu resultado permanecia aqui. Com a vinda do café introduzido inicialmente em 1727 em Belém do Pará, onde não se aclimatou, trouxeram-no então para o Rio de Janeiro por volta de 1770, onde encontrou condições de clima e solo favoráveis, incentivando assim o seu plantio e tornando-se assim uma das maiores riquezas do Brasil até o início da República. Começou-se a plantá-lo inicialmente pelo Vale do Alto do rio Paraíba do Sul, seguindo em direção ao vale do Paraíba já no Estado de São Paulo.

É nesta época que o nosso país começou de  fato a evoluir. A riqueza produzida aqui começou a ser transformada em desenvolvimento para os brasileiros. O plantio de café foi se estendendo rio a baixo, atingindo a região da Serra da Bocaina pertencente à Serra do Mar, de  Bananal até Rio Claro. Neste ponto,  o Vice-Rei resolveu ampliar a trilha que escoava  o café vindo do Vale do Paraíba, utilizando a trilha imperial e o café do lado fluminense que utilizava os rios como meio de escoamento. A produção fluminense vinha pelo rio Paraíba do Sul até  Rio Claro.

Com a necessidade de se prepararem para a descida da serra, que era lenta e demorada, os tropeiros passaram a utilizar uma grande área pertencente a um rico fazendeiro. Nascia aí um pequeno povoamento, a vila de São João do Príncipe.

Bandeirantes também utilizaram o roteiro para ingressar em São Paulo e  Baixada  Fluminense.

Com a junção dos dois pontos da vinda do café nasce a vila de São João do Príncipe. Logo o local se transformou numa grande vila completa, com  hospital, cadeia, teatro e cinema passando a se chamar São João Marcos, nome esse dado por ser parte da fazenda de um dos maiores produtores de café do Brasil João  Machado Pereira ( tendo como padroeiro São João Marcos ) e com o maior número de fazendas e escravos.

Ruinas da rodovia ( de 10 metros)  Mangaratiba-Vila de São Marcos,
construida por D.Pedro II.
A partir daí toda a produção seguia por uma trilha em lombo de burros. D. Pedro ll resolveu construir a primeira rodovia ligando Mangaratiba até a Vila de São João Marcos. Era uma estrada com 10 metros de largura toda calçada, com muros  laterais de contenção, com caimento adequado para escoamento de águas pluviais e belas pontes em arcos.



Pontes em arcos nas ruinas da rodovia. 





Assim  a produção do café era transportada agora por carroças puxadas por bois, fazendo com que  o fluxo do café se tornasse mais rápido.


A vila começou a receber visitantes que se encantavam com todo progresso que ela podia lhes proporcionar. No auge da produção cafeeira do final do século XlX, a população era de 20 mil habitantes.


Reprodução da cidade no Centro de mamória de São João Marcos.


Com o término da escravatura a produção do café  entrou em declínio por falta de mão de obra, começando assim o declínio da vila de São Marcos. O início da República também colaborou para o declínio da cidade.

Com o crescimento da capital (Rio de Janeiro) sentiu-se a necessidade de ampliar o  abastecimento de água e  o presidente Getúlio Vargas passou às mãos da The Rio de Janeiro Tramway, Light and Power Company Limited   a ampliação da barragem já existente nas proximidades de São João Marcos, fazendo com que agora esta cidade (1890) fosse inundada. Vale lembrar que um ano antes, São João Marcos tinha sido a segunda cidade no Brasil a ser tombada integralmente pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no ano de 1939.

Igreja de São João Marcos em 1939.


Ruinas da igreja de São João Marcos, cidade tombada como patrímonio histório e artístico nacional em 1939
A destruição da cidade foi feita por parte da Light não respeitando as normas de conduta para esta ação o que provocou grande quantidade de animais e trabalhadores mortos. Veio a Malária matando muitos habitantes que permaneceram próximos da cidade, deixando assim São João Marcos  com um população de aproximadamente 2 mil pessoas.

Ruinas Teatro Municipal do sitio arqueológico de São João Marcos.

Agora proprietária destas terras, a Light, e com a indiferença do governo (presidente Getúlio Vargas) termina assim mais um trecho importante  da nossa História.

Tudo isto aqui relatado, foi originado por uma simples placa:  Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, que despertou meu interesse, e ao adentrarmos no parque  constatamos toda aquela destruição de um passado sendo reconstruído em parte com o que restou pela própria causadora  a “Light” .

É uma visita que vale à pena não somente vê-la, como também divulgar aos quatro cantos este trabalho.


Detalhe casa do Capitão Mor.

Trabalho de restauração, ruinas Casa do Capitão Mor.





O trabalho de restauração que está sendo realizado no local visa resgatar parte da história brasileira.
Mas e a memória de tantas partes do nosso País, a qual encontramos muitas vezes pichadas e abandonadas? A quem caberá  sua conservação ?




Mapa do sitio urbano.
Mostramos aqui que podemos mudar um pouco a ideia de que o passado não nos interessa. Mas e a memória deste período?





Qual  governo se preocupou ou se preocupa?


Serviço: Saiba mais no site do Parque,



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